domingo, 20 de setembro de 2009

Um momento só

Hoje a chuva chegou cedo, bem de manhãzinha, sorrateira e calma como um animal que espreita de sua caça. Ouviam-se pássaros cantando por entre as folhagens das árvores que se alegravam com as gostas de água que a chuva gentilmente as regavam.
E pássaros diversos, multicores voavam sobre a planície a procura de alimento e abrigo. As árvores balançavam feito dançarinas a seguir o ritmo do vento que soprava suavemente suas folhas. Tudo estava belo e sereno naquela manhã de chuva, tudo se encaixava na mais pura e divina sintonia do planeta.
A chuva cai e vai molhando meus sonhos. Chuva severa e fria, dolorida e penetrante.Vai encharcando minha alma pelo caminho, em seu cair, corre de forma perene, incessante. Quieta, ponho-me em abrigo, sem lamentar...Desfruto do calor de um lugar maravilhoso.
O meu coração canta e eu volto a sonhar. Permito-me um sorriso largo e venturoso. E para mim é como se fosse um desafio, em minha mente crio campos verdejantes, o anoitecer de cada estrela brilha ao seu feitio.
Os pirilampos bailam em vôos alucinantes. Porém, este é um mundo que tenho agora...Eu quero habitá-lo, colorindo meu dia a dia. Quero trazê-lo para fazer parte da minha vida. Como a chuva incessante caindo lá fora.
Porém meu mundo embora já tenha alguns matisses, ainda possui alguns pontos escuros e eu preciso ter forças para colori-los. Deixar a luz, faze com que floresçam flores, passáros possam gorgear.
Talvez ainda não seja o momento para isso, mas tenho certeza que a chegada dela ao meu mundo virá me ajudar. Ela é o meu norte e meu porto. Pergunto-me se Eu sou digna de seu carinho e atenção e sinceramente ainda não sei a respostas. Talvez ela a tenha e possa me ajudar a compreender melhor o que SOU.
Ah o nome dela é Marisa "Mah", 3 letras, duas consoantes, uma vogal e uma doce pessoa que que chegou para iluminar o meu mundo.

domingo, 31 de maio de 2009

Um desabafo

É possível você estar num lugar com mais de 30 mil pessoas e ainda assim se sentir a pessoa mais solitária do mundo? Sim é possível. Ai essa sensação te toma, você começa a caminhar tentando de afastar da balburdia de pessoas gritando frente ao show de uma banda de meninos, buscando ainda mais o silêncio e recolhendo-se para dentro de si. De repente você se vê numa escadaria, minutos depois avista o portão, no seu ouvido agora toca uma música de seu mp4, você continua a caminhar mais alguns minutos e alcança os portões, mas a massa de pessoas tentando entrar num espaço onde quase já não cabe mais ninguém é enorme, você luta e avança para fora. Senti um alivio tomar-lhe, mas mesmo assim aquela sensação de solidão ainda te enche e então começa a caminhar pela rua, contra a maré de pessoas e carros que avançam. Você pensa: “Como podem estar tão alegres e animados quando você está se sentindo a pessoa mais sozinha do mundo?” Ao seu redor as pessoas riem, brincam, se beijão, mas nada disso te conforma e te alegra. A massa de rostos desconhecidos é enorme, e em nenhum deles você encontra um que lhe seja conhecido, onde possa buscar a paz do ancoradouro de uma tarde de mar bravio, abrigar-se sobre sua proteção e ali ficar até que tudo se acalme. Quando você percebe, já estas algumas quadras, agora não mais tromba e desvia de pessoas e carros, a rua está semi vazia, a lua brilha no alto do céu. Ao observá-la seu pensamento vai longe, em busca da lembrança daqueles pelo qual senti carinho, aumenta o passo, para logo chegar a casa e se refugiar no seu mundinho, pois sabe que nele tudo é perfeito e que seus amigos nunca hão de te faltar, mas ainda assim a sua sensação de estar sozinha ainda persiste. Seu caminhar ainda leva mais alguns milhares de minutos até que enfim avista ao longe o seu habitat e pela primeira vez na noite esboça um sorriso. Graças você venceu mais um dia de sua misera vida e agora dormirá para no dia seguinte acordar e dar de cara com os seus problemas e a primeira coisa que faz é ligar seu computador e escrever, para amenizar a sua dor e solidão.

terça-feira, 24 de março de 2009

A menina

Sapatos gastos, olhar perdido, calças puídas, camisa entreaberta, braços jogados, pernas esticadas, olhar perdido...

Assim está ela. Sentada no chão amparada pela branca parede as costas. Olha perdido, talvez a vagar em seus pensamentos, mas seu olhar mesmo perdido transmite a falta de algo que não podemos explicar o que seja ao certo, porém a imagem terna leva-nos a crer que sofra e assim como um bichinho acuado esteja à busca de afagos.

Seu sapatos gastos revelam que andaram milhares de quilômetros, porém não nos dizem por onde andaram, mas cremos que ainda hão de andar, andar e andar. Sua natureza inquieta faz dela uma pessoa em constante mutação sempre em busca de algo que nem ela mesma sabe onde está.

Talvez esteja ali sentada pensativa imaginando o quanto ainda terá de caminhar até que enfim chegue ao seu destino. Mas qual afinal é o seu destino? Não sabemos. Por hora sabemos que ali está imóvel, sentada pernas esticada, braços jogados, calças puídas, camisa entreaberta e sapatos gastos.

Quem será ela? Não sabemos ninguém sabe. Mas o certo é que sua fisionomia nos transmite uma sensação de desejo imensurável de acolhê-la em nossos braços, enlaçá-la num terno abraço e dizer-lhe estais entre amigos e tudo ficará bem, mas o medo nos impede. Temos medo que fuja e vá para outras veredas.

A menina sentada de sapatos gastos, calças poídas, camisa entreaberta, pernas esticadas, braços jogados e olhar terno são como um bicho que busca carinho, mas que tem medo de se aproximar.

Talvez amanhã, quem saiba não voltemos a vê-la por ai, caminhando ao nosso lado em busca do que procura? Quem sabe o talvez nos leve um dia cruzar seu caminho e então tomados de coragem perguntaremos a ela no que pensava o que sentia o que desejava o que procurava e ainda procura.

Por hora ela ainda está lá sentada, amparada apenas pela branca parede as suas costas, calças puídas, camisa entreaberta, pernas esticadas, braços largados, olhar perdido.